Não é preciso ter lido todos os teóricos e fazer falas fantásticas. Não é necessário saber de cor a cronologia político-partidária brasileira. Na verdade mesmo, expressar-se citando os termos "apropriados" e palavras difíceis também não é importante.
Basta parar por uns instantes pra observar as coisas ao redor, pensar um pouquinho sobre elas e principalmente, incomodar-se. Num primeiro momento, nem há a necessidade de conseguir verbalizar organizadamente o porquê do incômodo, de analisar a conjuntura, e de propor alternativas. É só sentir aquela coceira ao presenciar-escutar-ler acontecimentos do dia-a-dia.
E eles se incomodaram.
Incomodaram-se porque entendem que a universidade é mais do que aulinhas pra preparar pra futura profissão. Que ela tem que ser pensada diferente, vivida diferente. E que nela a gente pensa diferente também o mundo. E discorda, discute, disputa, apanha, aprende, cresce, constrói.
Incomodaram-se porque entendem que ela não é um clubinho que premia quem passa na provinha. Clubinho cercado por portões, os quais a gente abre vezenquando pra "população". Em iniciativas assistencialistas-unilaterais-pontuais. Que no fundo são só formas da gente testar nossa prática da futura profissão em campo. Mas chamamos de "extensão", dizemos que o aprendizado foi mútuo, e ficamos todos de consciência limpa por termos feito uma boa ação, quase que uma caridade. Bons samaritanos que somos. "Devolvendo" algo para a sociedade que paga por nossos estudos.
Incomodaram-se com as desigualdades todas, com a demonização dos movimentos sociais e das políticas afirmativas. E criticaram. As propostas vazias e meramente eleitoreiras, o pseudo-apartidarismo, a apatia-abstenção em qualquer tipo de discussão de questões do mundo além-bolha.
E eu nem me lembro de tê-los visto antes pelos corredores. Mas disseram tudo isso. Tudo isso lá. No pseudo-Olimpo alienado, preconceituoso e corporativista. E eu achei lindo demais.
Lógico que depois o nível de debate caiu até o inferno, os ânimos se exaltaram, e aquelas falas e idéias todas meio que se perderam para a maioria em meio ao circo.
Mas pra mim, não. Elas continuaram ecoando e ecoando. Quando ressoa não se perde assim por qualquer besteira. Nem com o picadeiro em chamas.
Porque a gente percebe quando acha alguém do "grupinho". Há aquela sensação de identificação, de pertencimento. Que é tão importante em ambientes inóspitos. Porque com o tempo vai rolando um desgaste inevitável, uma sensação de estar falando com as paredes, de que não tem muito como disputar quem não se importa com desigualdades e injustiças tão gritantes. O tipo alienado-vive-feliz-em-sua-própria-bolha-foda-se-o-resto facilmente vai na onda dos reacionários-inteligentes-articulados. E dá tanto trabalho pra qualquer semente de proposta vingar num solo desses.
Daí que não me importa a derrota nas urnas. Não mesmo. Importa é que eles se incomodaram. O suficiente pra juntar um grupo e falarem tudo aquilo. Que a gente sabe que lá é o mesmo que oferecer a cara pra porrada. Que a gente sabe que significa "perder" coleguinhas de turma e aguentar piadinhas e provocações na sala. E eles aguentaram os socos todos, a falta de respeito, os argumentos vazios, e até as ações de má-fé mesmo.
Basta parar por uns instantes pra observar as coisas ao redor, pensar um pouquinho sobre elas e principalmente, incomodar-se. Num primeiro momento, nem há a necessidade de conseguir verbalizar organizadamente o porquê do incômodo, de analisar a conjuntura, e de propor alternativas. É só sentir aquela coceira ao presenciar-escutar-ler acontecimentos do dia-a-dia.
E eles se incomodaram.
Incomodaram-se porque entendem que a universidade é mais do que aulinhas pra preparar pra futura profissão. Que ela tem que ser pensada diferente, vivida diferente. E que nela a gente pensa diferente também o mundo. E discorda, discute, disputa, apanha, aprende, cresce, constrói.
Incomodaram-se porque entendem que ela não é um clubinho que premia quem passa na provinha. Clubinho cercado por portões, os quais a gente abre vezenquando pra "população". Em iniciativas assistencialistas-unilaterais-pontuais. Que no fundo são só formas da gente testar nossa prática da futura profissão em campo. Mas chamamos de "extensão", dizemos que o aprendizado foi mútuo, e ficamos todos de consciência limpa por termos feito uma boa ação, quase que uma caridade. Bons samaritanos que somos. "Devolvendo" algo para a sociedade que paga por nossos estudos.
Incomodaram-se com as desigualdades todas, com a demonização dos movimentos sociais e das políticas afirmativas. E criticaram. As propostas vazias e meramente eleitoreiras, o pseudo-apartidarismo, a apatia-abstenção em qualquer tipo de discussão de questões do mundo além-bolha.
E eu nem me lembro de tê-los visto antes pelos corredores. Mas disseram tudo isso. Tudo isso lá. No pseudo-Olimpo alienado, preconceituoso e corporativista. E eu achei lindo demais.
Lógico que depois o nível de debate caiu até o inferno, os ânimos se exaltaram, e aquelas falas e idéias todas meio que se perderam para a maioria em meio ao circo.
Mas pra mim, não. Elas continuaram ecoando e ecoando. Quando ressoa não se perde assim por qualquer besteira. Nem com o picadeiro em chamas.
Porque a gente percebe quando acha alguém do "grupinho". Há aquela sensação de identificação, de pertencimento. Que é tão importante em ambientes inóspitos. Porque com o tempo vai rolando um desgaste inevitável, uma sensação de estar falando com as paredes, de que não tem muito como disputar quem não se importa com desigualdades e injustiças tão gritantes. O tipo alienado-vive-feliz-em-sua-própria-bolha-foda-se-o-resto facilmente vai na onda dos reacionários-inteligentes-articulados. E dá tanto trabalho pra qualquer semente de proposta vingar num solo desses.
Daí que não me importa a derrota nas urnas. Não mesmo. Importa é que eles se incomodaram. O suficiente pra juntar um grupo e falarem tudo aquilo. Que a gente sabe que lá é o mesmo que oferecer a cara pra porrada. Que a gente sabe que significa "perder" coleguinhas de turma e aguentar piadinhas e provocações na sala. E eles aguentaram os socos todos, a falta de respeito, os argumentos vazios, e até as ações de má-fé mesmo.
E tudo o que eu mais queria é que eles entendessem a minha alegria frente ao suposto desastre. Que conseguissem levantar a cabeça e sentirem-se satisfeitos como eu estou. Porque eu aprendi cada vez mais a comemorar cada semente crítica e potencializadora, ao invés de deprimir por cada milhar de perpetuadores do que está aí.
É uma bosta mesmo. Esse caminho que a gente escolheu, o lado em que acabamos ficando quando sofremos da coceira do incomodar-se. É de pouquinho em pouquinho. Um por um. Pelo menos até chegar no número suficiente de conseguir
Mas mesmo no chão insalubre eles surgiram. E tem tudo pra surgirem outros tantos que ouviram-leram tudo o que eles disseram. E isso deve ser comemorado sempre.
E eu só queria que eles entendessem tudo isso. Que fez meu dia saber que tem gente chegando enquanto a gente tá saindo. Que dá força de continuar nas próximas instâncias. Que essas "pequenas" vitórias são tão importantes. Que eles ali minoria, debaixo do palanque, longe dos holofotes, nas esquinas negligenciadas, são tão importantes, porra.