Então que eu tô há horas lendo posts, comentários, e tuítes dos dois lados (porque avacalhou pra polarização e lados "inimigos") sobre a polêmica toda do #lingerieday. E a sensação que domina é a de profunda tristeza. Mesmo. De ficar com vontade de chorar.
Porque parece que no fim, por mais brilhantes e inteligentes que as pessoas sejam, o debate sempre acaba descambando pra rixinhas pessoais.
Uma campanha de merda, idealizada por cérebros de merda, consegue fazer gente fantástica ficar de birrinha, desqualificando uns ao outros com ofensas de quinta-série. Gente fantástica em lados opostos de trincheiras, discutindo qual feminismo é o mais bacana, o nosso ou o de vocês. Sério. Me dá tanto enjôo e raiva (e tristeza) quanto as piadas sobre falta de pinto dos toscos no hospital. Talvez mais.
Se de um lado - talvez no calor da revolta e da discussão - acabaram desqualificando a escolha de quem participou com alguns argumentos nada sutis e de cunho pessoal. De outro lado, o que eu acho mais complicado nisso tudo é malandramente mudar todo o foco da discussão. Na boa, eu não vou saber citar um terço dos teóricos todos que elas citam (ultimamente, sadly, só ando lendo Caio e medicina), nem tenho o dom de destrinchar e me expressar tão bem quanto elas, mas já foi mais do que o suficiente pra entender que a questão pra polêmica toda foi a erotização feminina NAQUELE contexto. Não a erotização e sexualidade per se como formas de liberdade e empoderamento. Simples assim. Então pra que mudar todo o foco? Por que, hein? Tão triste, tão desnecessário, cansa tanto.
Além do mais, eu juro que não entendo qual o problema de errar na análise de vez em quando. Ora, não somos perfeitos. E o fato de às vezes (ou uma única vez, sei lá) eu acabar tomando uma atitude que, na hora me pareceu extremamente acertada e condizente com o que eu acredito; e mais tarde, perceber que acabou tendo uma repercussão que well, não era bem o que eu queria. Acontece, porra. Não desqualifica quem eu sempre fui, tudo o que sempre pensei e defendi, e todos os meus princípios. A gente levanta, assimila, e bola pra frente, cazzo.
E é tão comum, sabe. Errar tentando acertar. Inconscientemente. Difícil ter de pensar sempre em todas as repercussões e consequências de um ato meu em dada situação. Tem horas em que a gente não enxerga mesmo todas as variáveis e todo o contexto. Ou enxerga e enxerga borrado. Quantas vezes, mulheres/negros/homossexuais/insira-aqui-a-classe-que-tu-preferir, fomos objetificados ou colocados em situação de vulnerabilidade sem percebemos? Muitas vezes com o nosso aval, mas sem nos apercebemos disso. E na hora, em nenhum momento nos sentimos objeto, menos, nada disso. Mas olhando depois, fica claro que fomos. Porque tem coisa que tá tão arraigada, tão no dia-a-dia, que às vezes a gente demora pra notar, principalmente quando de dentro. Ou só nota mesmo depois das consequências. Isso me diminui pro resto da vida? Me faz menos inteligente, perspicaz, militante, respeitável, e a porra toda? Acredito que não. Muito pelo contrário.
Porque se pra mim indivíduo, tal ato meu isolado tenha tido um significado X, esse mesmo ato, quando colocado fora do vácuo, pode mudar de significado, assim no macro, sabe. De um jeito que eu não pretendia, que inclusive era o oposto do que eu imaginava, mas que ocorreu, não dá pra ignorar. E mais uma vez, isso não me diminui pro resto da vida. Não tira todos os meus ideais, qualidades, feitos, propósitos. Me deixa mais atento, experiente, e capacitado pra todas as próximas análises e obstáculos.
Mas é difícil fazer mea culpa, né. Mais fácil - e muito mais nocivo - é utilizar da nossa facilidade com palavras e argumentações e distorcer todo o foco. E ficar recebendo aplausos dos toscos de plantão. E estreitando laços com cérebros de merda. E a discussão, que foi o mais fantástico de tudo nessa campanha de merda, se perde em clubinhos e gente que fica-de-mal. E as pessoas brilhantes rompidas por aí, discutindo se o meu ou o dela tá mais certo. Quando na verdade, era tudo o nosso.
Cansa, viu. E chateia.
Porque parece que no fim, por mais brilhantes e inteligentes que as pessoas sejam, o debate sempre acaba descambando pra rixinhas pessoais.
Uma campanha de merda, idealizada por cérebros de merda, consegue fazer gente fantástica ficar de birrinha, desqualificando uns ao outros com ofensas de quinta-série. Gente fantástica em lados opostos de trincheiras, discutindo qual feminismo é o mais bacana, o nosso ou o de vocês. Sério. Me dá tanto enjôo e raiva (e tristeza) quanto as piadas sobre falta de pinto dos toscos no hospital. Talvez mais.
Se de um lado - talvez no calor da revolta e da discussão - acabaram desqualificando a escolha de quem participou com alguns argumentos nada sutis e de cunho pessoal. De outro lado, o que eu acho mais complicado nisso tudo é malandramente mudar todo o foco da discussão. Na boa, eu não vou saber citar um terço dos teóricos todos que elas citam (ultimamente, sadly, só ando lendo Caio e medicina), nem tenho o dom de destrinchar e me expressar tão bem quanto elas, mas já foi mais do que o suficiente pra entender que a questão pra polêmica toda foi a erotização feminina NAQUELE contexto. Não a erotização e sexualidade per se como formas de liberdade e empoderamento. Simples assim. Então pra que mudar todo o foco? Por que, hein? Tão triste, tão desnecessário, cansa tanto.
Além do mais, eu juro que não entendo qual o problema de errar na análise de vez em quando. Ora, não somos perfeitos. E o fato de às vezes (ou uma única vez, sei lá) eu acabar tomando uma atitude que, na hora me pareceu extremamente acertada e condizente com o que eu acredito; e mais tarde, perceber que acabou tendo uma repercussão que well, não era bem o que eu queria. Acontece, porra. Não desqualifica quem eu sempre fui, tudo o que sempre pensei e defendi, e todos os meus princípios. A gente levanta, assimila, e bola pra frente, cazzo.
E é tão comum, sabe. Errar tentando acertar. Inconscientemente. Difícil ter de pensar sempre em todas as repercussões e consequências de um ato meu em dada situação. Tem horas em que a gente não enxerga mesmo todas as variáveis e todo o contexto. Ou enxerga e enxerga borrado. Quantas vezes, mulheres/negros/homossexuais/insira-aqui-a-classe-que-tu-preferir, fomos objetificados ou colocados em situação de vulnerabilidade sem percebemos? Muitas vezes com o nosso aval, mas sem nos apercebemos disso. E na hora, em nenhum momento nos sentimos objeto, menos, nada disso. Mas olhando depois, fica claro que fomos. Porque tem coisa que tá tão arraigada, tão no dia-a-dia, que às vezes a gente demora pra notar, principalmente quando de dentro. Ou só nota mesmo depois das consequências. Isso me diminui pro resto da vida? Me faz menos inteligente, perspicaz, militante, respeitável, e a porra toda? Acredito que não. Muito pelo contrário.
Porque se pra mim indivíduo, tal ato meu isolado tenha tido um significado X, esse mesmo ato, quando colocado fora do vácuo, pode mudar de significado, assim no macro, sabe. De um jeito que eu não pretendia, que inclusive era o oposto do que eu imaginava, mas que ocorreu, não dá pra ignorar. E mais uma vez, isso não me diminui pro resto da vida. Não tira todos os meus ideais, qualidades, feitos, propósitos. Me deixa mais atento, experiente, e capacitado pra todas as próximas análises e obstáculos.
Mas é difícil fazer mea culpa, né. Mais fácil - e muito mais nocivo - é utilizar da nossa facilidade com palavras e argumentações e distorcer todo o foco. E ficar recebendo aplausos dos toscos de plantão. E estreitando laços com cérebros de merda. E a discussão, que foi o mais fantástico de tudo nessa campanha de merda, se perde em clubinhos e gente que fica-de-mal. E as pessoas brilhantes rompidas por aí, discutindo se o meu ou o dela tá mais certo. Quando na verdade, era tudo o nosso.
Cansa, viu. E chateia.