domingo, maio 17, 2009

Exit text (for a routine) ...

É a notícia de que lhe restam meses de vida. A tentativa de suicídio que te desfigura totalmente. O acidente nas férias que deixa sequelas para sempre.

É você o motorista embriagado na colisão que matou teu melhor amigo. Ela achando que viver não vale mais a pena bem ali no meio da sala, e ninguém nota. Duas das pessoinhas mais queridas destruindo uma amizade de anos, e não há nada que possa ser feito para impedir.

É a angústia acumulada de meses. Pilhas e pilhas acumulando. De vontades, dúvidas, cansaço, lágrimas e pensamentos. Em dias cada vez mais longos.
Não adianta dizer que vai ficar tudo bem. Porque agora não resolve. Por mais que seja verdade, isso agora não conforta.
A sensação de impotência faz tudo parecer maior e mais devastador. O metro e meio nunca foi tão pouco, a cama nunca foi tão grande.

Às vezes tudo o que a gente quer é uma xícara bem quente de capuccino com nicotina ao fim do dia. Junto a um alguém que sussurre uma canção bonita e fique por perto até conseguirmos dormir.
Mesmo que seja fantasia, mesmo que seja em sonho. Porque nele eu te sequestro e a gente escapa.

Respira fundo, devagar, deixando a fumaça escapar aos poucos.
Sem desistir, babe. Eu não conseguiria sozinha.
Continua com a canção que aquece. Mais um gole. Agora sente o aroma e fecha os olhos.
Um só, vê? Somos um só. Finalmente em paz.
Quanto ao resto? Tomara que sufoquem.

Ah sim, eu sei, linda a casa mesmo. Linda vista, belo jardim. Mas confesso que ando sentindo falta dos pássaros. Já faz um tempo que não escuto os cantos. Só espero que não tenham migrado para longe, fugindo desse inverno que aparentemente chegou com força total. Continuo os esperando na janela.

Precisa mesmo acordar? Nada de despertador, vai. Só por hoje.
A quiet life with no alarms and no surprises, please.
Silence...



"Mas se era um sonho, repetiu, num sonho pode. Num sonho pode tudo."