quarta-feira, abril 08, 2009

Uma delicada forma de calor ...

A garotinha de 15 anos e lápis-preto-no-olho - viciada em ICQ, Alanis e Red Hot - sempre imaginou e esperou por tudo isso ansiosa.

A casa "própria", a faculdade dos sonhos. Cerveja, cigarro, amigos, amores, sexo. A vida que finalmente aconteceria para além da internet, dos filmes, dos livros, dos sonhos.

A mulherzinha de 23 anos e lápis-preto-no-olho valoriza sim - e muito - estar aqui, mas anda sentindo saudades.
Das tardes à toa, dos filmes e livros, das músicas, das pessoas. Ah, as pessoas ...

Queria estar mais perto. Queria poder participar mais. Ouvir dos acontecimentos da terça-feira na própria terça-feira. Ouvir as vozes, mesmo que sejam de F2 em F2. E enxergar todos eles, mesmo que sejam os saudosos borrões daqui da ponte aérea, nordestinos, europeus.

O pensamento, todavia, continua sempre junto. Ao passar por algum lugar que desperta lembranças, ao ouvir alguma canção que remete. Ao brindar, ao tragar, ao reconhecer sotaques e palavras fofas pelas ruas da zona que não é a norte, não é a minha.

Por isso os e-mails, os torpedos e scraps, as ligações no final do dia. Porque há sim toda uma nova atmosfera. De atendimentos, procedimentos, cirurgias. Muitas aulas e pouco sono. Há sim novas pessoas.
Mas é aquela coisa toda das raízes. Firmes, fortes, porto-seguro. E eles são as minhas. De onde eu vim. E para onde eu vou sempre que a neblina predomina.

Dificuldade em se desapegar? Sempre tive. Mas não dá para negar que ainda assim continuo andando para frente. Numa velocidade das maiores dos últimos tempos - ora empurrada, ora com pleno controle dos pedais.

E eu nunca fui dessas de não olhar para trás. Porque te lembra do propósito de tudo, do quanto custou chegar, do quanto foi bonito, e do que te moldou assim. Lembra do que um dia pertenceu e agora só permanece na memória, e do que ainda faz parte.

Eles ainda fazem parte. Talvez não da mesma forma e com a mesma frequência. Mas continuam cativos naquele espacinho querido de sempre. Mesmo que agora eu demore dias para dar sinal de vida, deseje parabéns com atraso, esqueça dos horários combinados, e durma em cima das mesas de bares.

É um amor assim meio malandro, mas verdadeiro. A gente sabe, a gente sente.
É só não largar as mãos, eu sou o que eles são. E no fim, é tudo o que realmente importa, não?!