sexta-feira, abril 03, 2009

Just as they play your favourite songs …

Quando dividem momentos intensos, sejam eles bons ou os ruins, pessoas acabam criando e estreitando laços. E é quase que instantâneo. Não importa se são recém-conhecidos ou semi-desconhecidos, se serão laços duradouros ou fugazes, se a conexão é verbal ou silenciosa.
Como que ao identificarmos que há mais alguém ali, sentindo aquela mesma sensação extrema que a gente, enxergamos no outro um pouco de nós mesmos. E pelo menos por alguns instantes, aqueles instantes, temos a impressão que somos todos parte de uma coisa só. Que estamos todos ali compartilhando tal momento ligados por algo maior e transcendental.

E não havia lugar menos propício para se criar laços e transcender que a chácara mais isolada e com a pior infra-estrutura que alguém poderia projetar. Mas havia pessoas dispostas, milhares. E cinco meninos que nasceram com o dom de fazer notas musicais invadirem o corpo, ressoarem na alma, e transbordarem sob a forma de cantos, euforia, lágrimas e catarse.

Era um misto de perplexidade e empolgação. Olhar para eles e para as luzes de inebriar, ouvir e cantar as músicas que embalaram tantos momentos, que já falaram tanto para mim e por mim como por cada um dos trinta e tantos mil companheiros ao redor.

Companheiros debaixo de um céu que ora nos presenteava com chuva from a great high – como se já não estivesse óbvio o quanto havia de almas sendo lavadas por lá –, ora com estrelas num céu quase que limpo – porque tudo aquilo não tinha como ser São Paulo cinza, e sim our fake plastic earth nosso universo paralelo. Um perfeito universo paralelo.

Repleto de olhares trocados entre uma música e outra junto a aplausos e assobios. De sorrisos embasbacados e lágrimas coloridas que teimavam por escorrer. De coros de fazer falhar a voz e sussurros como que em orações.
Porque eram sim orações. Emocionadas e inesquecíveis. Que reverberaram da Pirajussara à Europa.

E eu acho que nunca ouvi tantos: “Agora eu posso morrer”. “Caramba, não estou acreditando!”. “Obrigado, mil vezes obrigado!”.
Porque ganhamos três bis e cento-e-cinqüenta-minutos de mantras. Ganhamos a melhor segunda voz pra canção que nos recusamos a deixar que terminasse. Ganhamos risos, aplausos e reverências daqueles que fomos prestigiar. Ganhamos o que talvez sejam algumas das melhores cenas dos nossos videotapes pessoais.

Agora eu posso voltar pra rotina cansativa, pros plantões infindáveis, pros finais de semana que encolheram, pra série de dúvidas e desafios do dia-a-dia. Porque agora, nesses momentos, a gente re-escuta as canções to keep us warm, se transporta pra lá e levita novamente.
No matter what happens now, agora eu posso morrer. Obrigada, mil vezes obrigada.
(E ah, voltem logo, vai.)

For some minutes there, I lost myself.