quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Paraglide - parafrase - palavre - ANDO ...


Oito da manhã, amanhecer ensolarado, brisas que arrepiam e despenteiam, faculdade, estenoses, insuficiências e sopros ... sono, muito sono.

[... Dentre os principais sintomas apresentados nas cardiopatias ...]

Estenóticos estão meus olhos, insuficiente é a minha vontade de manter-me acordada, os únicos sopros que detêm minha atenção são os tum-tá's dos meus pensamentos viajando e esbarrando nos obstáculos ateroscleróticos do caminho, ruflando com seus trá's e trazendo à tona um turbilhonamento (h)emo-dinâmico de idéias aparentemente em contra-fluxo e contra-senso, mas que precisam ser ejetadas e regurgitadas, sejam em extra-sístoles ou extra-vasadas.

Não sei porque ainda me dou ao trabalho de vir à aula ... para dormir corporalmente e transcender sinapticamente.
E fica tudo sempre muito cômodo com a história do semestre que vem eu estudo, semestre que vem não falto, semestre que vem paro com o MSN de madrugada, semestre que vem vou dormir antes da 1:30h, blá-blá-blá. Típicas resoluções de ano-novo que a gente raramente cumpre.
E é sempre para o que vem, sempre para depois, sempre adiando, sempre esperando por uma conjuntura melhor ou por um sinal divino para finalmente agirmos.
Mas há certos tipos de ações que eu cansei de adiar, e em se tratando destas, esses últimos meses vem sim seguindo meu slogan pessoal de 2007 e quebrando paradigmas.

Agora eu guardo menos e falo mais sobre aquilo que pulsa e impulsiona; agora eu me jogo mesmo sabendo do curto prazo de validade de tudo o que é perecível; agora eu não penso tanto no depois e preocupo-me com o momento.; agora eu deixo livre o que eu gosto para que eles se encontrem (e, quem sabe, retornem).

E eu aprendi que se pode chegar no Tietê ou em Cumbica carregando poucas malas e muito peso, e voltar levemente cheia ... de sorrisos, de momentos, de experiências e sonhos compartilhados, de vida.

E agora eu me abstenho, sem peso na consciência e sem declaração de voto, do ter que sempre fazer escolhas. Porque elas são ceifantes, elas limitam, elas rotulam. E eu quero inteiros, sem limites, inrotuláveis, inefáveis, raríssimos!

É agir duas vezes antes de pensar. É deixar o regaço e vir se queimar. É semear o vento e beber a tempestade de boca e braços abertos.
É, para variar, cedo ou tarde, inevitavelmente acabar descobrindo o tácito encanto presente em tudo o que um malandro de ópera diz.

Porque se antes havia o medo em ir, hoje eu não só vou como vou sem fantasia. Sem arrependimentos, sem falsos convencimentos.
Para contar das chuvas, das noites, das marcas, das lutas, das discussões, das ruas, das luas ...
Para então receber a recompensa, que pensas que engana-me escondendo-a sob a forma de momentâneas desavenças; mas que eu sei que é minha, sinto-a.
E sei também, mesmo tensa, que compensa vírgulas, pausas e reticências ... até mesmo um aposto. Desde que não se transforme em espera imensa, e sim, para o futuro, em agradável crença.

[... Bem, vocês já estão aptos a fazer o diagnóstico das doenças cardiovasculares mais prevalentes. E eu encerro por aqui. Obrigado ...]