segunda-feira, novembro 27, 2006

Quinta-feira, 19 de agosto de 2004 ...

Pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê ...

Minha idade real nunca foi muito proporcional a minha "idade física/psicológica", principalmente quando comparada à média geral das garotas. Eu demorei pra desenvolver, fui uma das últimas da minha turma a menstruar, aflorou em mim relativamente tarde o gosto por maquiagem, roupas e acessórios, e as eternas preocupações femininas com aparência, sentimentos e homens.

Quando as minhas amiguinhas aqui do prédio começaram a "enmoçar" e começaram a achar bobas as brincadeiras de sempre com os meninos, eu ainda me divertia e muito jogando video-game, brincando de polícia e ladrão, e trocando as figurinhas que faltavam para completar meus álbuns ilustrados do "Rei Leão" e do "Santos F.C.".
Quando eu estava na 7ª série, as pessoas não acreditavam que eu tinha idade suficiente para estar em tal curso.

Talvez minha pequena grande altura contribua ainda mais para isso. O fato é que até hoje eu ouço frases como "oh, que bonitinha", "que carinha de menina", "parece uma princesinha", e uma série de outros "inhas" que eu confesso que me incomodam um pouco; afinal de contas, meu ideal de vida está bem longe de ser uma garota bonequinha-Sandy que ninguém leva a sério.

E é por tudo isso que, durante muito tempo, eu me senti mais nova do que cronologicamente sou. Mas, ultimamente, faltando um pouco mais de 1 mês para eu completar 19 anos, eu ando me sentindo velha ... Velha e loser demais para ainda estar brincando de escolinha.

É foda você ver grande parte das pessoas que você conhece crescendo, progredindo e vivendo os melhores anos de suas vidas na facul; enquanto você ainda aprende com os titios Eduardo e Salles sobre Teorema da Energia Cinética e Equilíbrio Químico.
É difícil manter o foco e a determinação nessa rotininha babaca quando, por dentro, você está gritando.
Gritando porque sente uma vontade imensa de ter experiências únicas, de conhecer gente nova, de aprender coisas que realmente te interessam ... e de se sentir vivo, útil, parte de algo prazeroso, que te desafie, te estimule. O que definitivamente não acontece comigo no momento.

Tem dias em que eu fico com a sensação de que todo mundo andou e eu fiquei pra trás, perdendo um tempo precioso, numa espécie de colegial eterno, só que sem ser tão divertido.
E assim o tempo tá passando, no meio de dias bons e de outros extremamente insuportáveis. E forças que brotaram não sei de onde são o que continuam me empurrando pra frente.

Mas, se tudo der certo, tá acabando. Falta pouco, bem pouco, pra um happy end deveras happy, e pra eu poder mandar esse tal de vestibular pra puta que o pariu.
Enquanto isso, a gente junta o que resta de auto-estima, mantém a cabeça erguida e tenta se divertir com o que tem ... e principalmente, com QUEM se tem (e vem fazendo toda a diferença).
Até que anda funcionando. Eu só espero que continue assim, pelamordedeus, que continue assim ...