domingo, novembro 19, 2006

Hay que buscarse un amante ...

(...)
Eu explico o seguinte: amante é aquilo que nos apaixona. É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso amante é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações indescritíveis.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho quando é vocacional, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto ... Enfim, é alguém ou algo que nos faz namorar a vida e nos afasta do triste destino de durar.

E o que é durar? Durar é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra; é a preocupação com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Durar é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo contentar-se com a incerta e frágil sugestão de que talvez possamos fazer amanhã.

Por favor, não se empenhe em durar. Procure um amante. Seja também um amante e um protagonista ... da vida.
Pense que o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é não se animar a viver.
Enquanto isso, e sem mais delongas, procure um amante!

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
Para estar satisfeito, ativo e sentir-se feliz, é preciso namorar a vida.

(Jorge Bucay)