Daí que de perto a gente não enxerga direito o todo, fica tudo muito grande e borrado. Acaba conseguindo mesmo é admirar os detalhes, feito bobo, embasbacado com a beleza das pequenas coisas.
Mas olhando pra trás, agora de uma certa distância, dá pra dizer que dois-mil-e-oito foi uma continuação do e-sete. E dificilmente uma seqüência consegue preencher todas as enormes expectativas de um original tão bem sucedido, mesmo sendo também tão querida.
E é aquela coisa toda das seqüências e seus finais surreais de tão bonitos. Oníricos mesmo. Com nostalgia, alegria, lágrimas, e possibilidades. Infinitas novas possibilidades. Não que elas já não estivessem por aí antes. Sempre estiveram. Mas se a gente não tá preparado, nem percebe, nem se arrisca. Então é como se não existissem.
Eu sei que nunca é abrupto, e sim gradativo. Mas eu só costumo me dar conta abruptamente. De repente você tá lá sonolenta atravessando a rua vazia, com o sol nascendo, escutando o Damien, e bate.
Bate que a bagagem tá maior, a Europa tá no coração, as impossibilidades cada vez mais assimiladas. Bate que a casa é outra, o endereço é novo, a rotina mudou completamente. Que tem muito que parece que não encaixa mais, que você anseia por mais, e eu nem consigo mais afirmar se continuo a mesma.
Provavelmente não, a sensação é outra. Talvez só permaneça o que ainda faz sentido. Talvez não importe. Porque dois caminhos divergiam lá na frente, in a wood. And I - I took the one less traveled by. And I’m hoping it’ll make all the diference.
