domingo, outubro 26, 2008

Xodó ...

A verdade é que eu fico completamente encantada. Toda vez. Vou vendo o azul e os contornos se aproximando, o sorriso vai abrindo de soslaio, e a sensação é a de que every little thing is gonna be alright.
Porque nada neste mundo pode ser tão angustiante e problemático assim quando você tem tudo aquilo esperando por você.

É beleza e história, música e amores, boemia e cultura pulsando de forma tão escancarada ali na tua frente que não tem como não se deixar contagiar, nem como não se deixar apaixonar.
Em pensar que eu perdi tanto tempo cultivando bairrismos e preconceitos quase que congênitos. Mas se fosse de outra forma, em outro momento, talvez não houvesse o início tão significativo e especial.

E é de graça, sabe. E foi à primeira vista.
Não há família e décadas de memórias queridas contribuindo para o sucesso da relação. Houve sim pré-indisposição, mal-resolvidos, e vontade de encontrar mil e um defeitos.
E mesmo agora, conhecendo miséria e misery, o luxo e o lixo, o encanto só se perpetua. Quase perder o vôo de volta não foi mera distração, foi manifestação do subconsciente.

Porque todo mundo, sem exceção, merece vistas de arrancar suspiros, pores-do-sol no Arpoador, Copacabanas, Lapas e carnavais. Todo mundo sem exceção merece a leveza e as picardias.

O retorno recente foi de Salvador, mas quem ainda povoa os pensamentos e inspira os planos Fiocruz-pós-residência é o Rio. Quem ainda marca presença nos sonhos e desperta lembranças tão doces quanto calientes também é ele.

Arromba a retina. Inebria a alma. Aquece o coração.
Podem dizer o que quiser, mas o xodó do povo é o Rio. E mordendo a língua com o maior gosto do mundo, digo que cada vez mais é meu também.