sexta-feira, setembro 19, 2008

Bom te ver ...

(Ou Crônica dos meros devaneios ébrios)

Longe. Mas ainda bem enquadrado no meu campo visual. Cabelo precisando de um corte. Camiseta com escrito espirituoso. Calça jeans nem muito larga-desleixada nem muito justa-cantor-sertanejo, insinua os contornos nada além do necessário. All Star estiloso.

Conversando com a garota de que não gosto. Não gosto da maioria das garotas. Ainda mais quando com ele.
Ela super inclinada mostrando decote. Piri-piri-piriguete.
O que será que conversam? Talvez ele fazendo insights irônico-sarcástico-engraçadinhos.
Ele sorri. O filho-da-mãe do sorriso. Aquele quê de menino quando sorri não mudou.

Passa a mão pela barba. Acho que vi uma aliança. Meu Deus, ele nunca foi do tipo que usa aliança. Péra, viajei, sem aliança. Ufa.
Barba por fazer. Naquela fase de arranhar um tantinho. O tantinho de causar arrepio bom.
Arrepio bom de quando roça a barba no rosto enquanto sussurra besteira no ouvido. Roça no meu rosto. Sussurra em meu ouvido.
Besteira e convite pra tomar algo no apartamento. No apartamento dele.

Mal espera abrir a porta. Já olha bem fundo no olho. Arqueando a sobrancelha daquele jeito que diz tudo. Me puxando pra perto pelo passante da calça. Sorriso malicioso.
Boca, língua, pescoço. Toques, cheiros. Fôlego, cadê?

Pernas entrelaçando e cambaleando rumo ao quarto. Parada estratégica na parede do corredor.
Prende. Provoca. Vira, desvira. Carrega até o quarto.
Joga na cama. Me joga. Então se joga.
Peças de roupa ao chão. Sorriso safado.

Exame físico minucioso e completo: inspeção, palpação...
Isso, é exatamente aí que tem que soprar.
Taquicardia. Calor.
Febril com certeza, mas confere, vai.
Sucção. Pressão.

Elogia. Diz que me quer.
Aperta. Morde.
Me chama de sua, de tudo mais.

Pletora dez cruzes.
Primeiro superficial, depois profundo.
É babe, se alguém aqui merece o título de doutor definitivamente é você, não eu.

Dedos por entre meus cabelos. Ora despenteando, ora puxando. A outra mão pelo quadril. Meu quadril.
Freqüências subindo à lua: cardíaca, respiratória, arranhatória, gementória, pélvica. Eu subindo à lua. Delirium.
Ausculta abafada, mas ainda presente. Rangeres incompreensíveis. Vogais um tanto quanto tremidas. Escuto um nome. Meu nome. Pausadamente. Ma-ri-a-na...

...

- Mariana?
Levanto os olhos assustada. Tiro os fones de ouvido.
- Te vi ali de longe enquanto conversava. Resolvi vir até aqui te dar um beijo antes de voltar.
Me dá um beijo e um abraço afetuoso.
- Gostei do teu perfume. Mas bem, preciso ir. Sempre bom te ver, menina.
- Vai lá. Bom te ver também.
(Tu não faz nem idéia do quanto...)