domingo, outubro 07, 2007

O sol, a estrada amarela e as ondas ...

"Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece." (Lispector)

E setembro sempre é um mês emocionalmente tenso. Vem com toda uma melancolia e com o já tradicional flashback-crítico-condensado de tudo o que passou, que faz desses vinte e tantos dias quase que uma vida-a-vida. É aquele tempo hibernando necessário antes da primavera.

E juntando essa já esperada vulnerabilidade exacerbada com a síndrome Peter-Pan-do-não-quero-passar-dos-21-anos-tô-velha que eu resolvi alimentar, confesso que estava sem muito ânimo pra comemorações e não esperava nada além de um aniversário-mais-ou-menos.

Mas aí foi chegando um torpedo, depois outros. E risadas conjuntas. E telefonemas. Beijos. Scraps. Desejos de coisas transcendentes e inefáveis. E-mails. Abraços. Presentinhos. Flores. Um post.

Aí foi crescendo uma sensaçãozinha tão boa, que foi tomando conta, e eu concluí que eu sou é ridícula, porque não dá pra pensar em qualquer coisa mais-ou-menos enquanto eu tiver por perto pessoinhas como as que eu tenho.
A vida guarda tanto, sabe. E não nos cabe antecipar ou querer entendê-la. Ela nos surpreende das mais tortuosas maneiras, e eu não tenho o direito de duvidar ou questionar enquanto ela continuar me trazendo surpresas tão queridas quanto as que vêm surgindo.

Porque assim, meio que inesperadamente, meio que inconscientemente, é que vão se fechando ciclos, vamos aceitando aquelas verdades tão óbvias que nos custa enxergar, e vamos reinventando ... tanto o mundo à nossa volta quanto nós mesmos. Só que a gente só assimila mesmo tempos depois.
E quanto a mim, alguém que esperava ansiosamente por este florescer: é hora de se mover, pra viver mil vezes mais, e esquecer os meses, os incertos, e seus finais.


"O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela,
E as ondas, as ondas, as ondas ..."