quarta-feira, maio 02, 2007

With a little help from my friends ...

Era um dia como qualquer outro, num almoço como qualquer outro, cheio de elucubrações sobre o tudo e sobre o nada com companheirinhos queridos de programas acadêmicos ou não ... até que o menino com um dos corações maiores do mundo gritou - pra gente que não queria ver - tudo o que incomodava e andava angustiando.
Foi quando eu me senti um tanto estúpida, senti um tanto mais de carinho por ele, e aquilo tudo ficou martelando e martelando na minha mente desde então.

Como é que a gente escolhe de quem vai ser amigo e por quem você vai sentir inimizade? Por que é que a gente releva tanto de tão pouca gente, e implica com tão pouco de tanta gente?
Eu digo escolher, porque conscientemente ou não, acaba sendo sim uma escolha.
E eu comecei a reparar nos meus amigos. Todos eles tão diferentes de mim, e tão diferentes entre eles.
Alguns com gostos e idéias parecidos com os meus; outros, diametralmente opostos.
Alguns com todas as razões lógicas e factíveis do porquê de uma convivência bacana e que enriquece; outros, os quais eu teria tudo pra não gostar deles, ou me importar, sequer dar bom-dia; e rola todo um sentimento de querer bem e querer por perto.

A coisa toda acaba sendo é deveras subjetiva e sutil, como sempre é com tudo o que mexe de verdade e profundamente com a gente.
É aquela história de pupila, como já dizia Oscar; é o ou clica ou não clica, ou toca ou não toca, e ponto.
E não há quem force, não há quem tente espremer-se ou alongar-se para o encaixe nos tais parâmetros tácitos de cada um, não há quem tente burlar tudo isso e consiga sucesso (pelo menos não por muito tempo).

Pra mim, a pupila tem que ter aquele quê de coisas boas, de vontade de acertar, de querer construir algo diferente e melhor, de caráter, e de ética (condizente com a lógica e com a crença da pessoa, que não necessariamente precisam ser as minhas).
E é por isso que tem gente que vê relacionamentos como eu me recuso a ver, e eu as adoro.
É por isso que tem gente que acha que os entraves pras soluções dos problemas do mundo são exatamente grande parte das coisas nas quais eu acredito e as quais eu procuro defender, e mesmo assim esses individuozinhos têm um espaço mais do que garantido no meu coração.
É por isso que há pessoas com as quais eu concordo em quase tudo, a não ser com a forma que elas utilizam para conseguir o que almejam, e eu não quero nenhuma delas dividindo idéias, e momentos, e espaço físico comigo é nunca.
Também é por causa disso que eu não tenho respeito algum por seres que aparentam (e realmente devem ser) um amor de pessoa para com os próximos deles, mas que em nenhum momento se importam com os danos que estão causando conscientemente a terceiros.

E em meio a tantas idiossincrasias, eu ando vendo a gente mudando muito, mudando junto ... intensa e caoticamente.
Eu vejo quem achava que lidava pragmaticamente e sossegadamente com o amor, tendo que lidar com a paixão que chega sem avisar, muda o mundo como a gente conhecia, e nos enche de dúvidas e questionamentos.
Eu vejo quem depositava toda a graça, e motivos, e certezas da existência em outrem, aprendendo a depositar e apostar em si próprio, e enxergando que uma das únicas certezas que a gente tem é que o futuro é incerto demais pra se viver baseado nele.

Tem gente que se apaixonava e se aventurava demasiadamente no mundo dos sonhos, e agora ta aí vivenciando e escrevendo colorido sobre tudo o que sempre quis e sempre mereceu.
Tem gente que sempre viveu vida de mais velho, e anda se deliciando com a irresponsabilidade leve do não-compromisso, de batalhas em bando, e de programas nada gentleman de cavalheiros.
Há aqueles que deram uma pausa no convívio exagerado e ininterrupto com terceiros, e estão se descobrindo como pessoas, como vontades e necessidades realmente próprias, aprendendo a enfrentar situações incômodas, e a lidar consigo mesmos.
Eu tô vendo gente que só se importava com os estudos, se abrir pra conhecer um mundo novo, e brilhar com o leque tão grande de novas possibilidades e novos rumos.

E nessa bagunça toda a gente tá é crescendo, e amadurecendo, e se achando mesmo à custa de alguns “perdidos” pelo caminho ... E confesso que eu tô observando isso tudo, de dentro e de fora, dando risada dessas reviravoltas todas, e morrendo de orgulho de vocês dia após dia.
E vai ficar tudo bem, queridos, tenho certeza. A gente vai ficar bem.
Enquanto isso, vamos ali pro bar tomar umas cervejas e elucubrar mais um pouco sobre a desordem, fechou?



“E quando o nó cegar,
Deixa desatar em nós.
Solta a prosa presa,
A luz acesa,
Já se abre um sol em mim maior.

Eu sinto que sei que somos um tanto bem maiores ...”