sexta-feira, novembro 03, 2006

E ao coração que teima em bater, avisa que é de se entregar o viver ...

A vida anda cheia, muita coisa acontecendo, muita coisa para acontecer. Ironicamente, eu ando um tanto quanto repetitiva e introspectiva nesses últimos tempos. E isto anda me incomodando deveras.

Estou cada vez mais me tornando parte significativa da sombra de quem um dia vai ser médica de verdade. Tanta informação nova pra ser absorvida, tantas vivências e lições de vida nos corredores daqueles hospitais, tanta gente diferente indo e vindo, e modificando o meu dia-a-dia das mais diversas maneiras.
O centro acadêmico também promete agradáveis surpresas. Eu sinto uma motivação genuína de me envolver de verdade em assuntos transformadores. Quero discutir mais a fundo política, movimento estudantil, reforma curricular, exame de ordem, e quero ajudar a tentar derrubar algumas das tradições injustas e mocós daquele lugar. Além do que, se nossa chapa vencer, há possibilidade de tornar-me tesoureira, já que descobri na pele que essa história de festinha-pão-e-circo do social definitivamente não é pra mim.

Outra coisa que tenho feito bastante é viajar, fazer programinhas e aventuras bastante marcantes com o povinho da facul, e sinto que, dia após dia, eles vêm se efetivando como minha segunda família. A enormidade de experiências que a gente já dividiu nesses quase 2 anos, cria um vínculo difícil de se ter com o restante das pessoas.
Quanto aos rapazes, é um aspecto que até que anda frutífero. Eu estou numa fase mais conformada comigo mesma fisicamente, mais ciente dos meus pontos positivos e negativos, e isso anda se refletindo em números maiores de oportunidades.

Entretanto, não é minha faculdade de medicina, ou meu cargo de diretoria de C.A., meus amigos queridos, nem meus casinhos/rolos/ficantes que, há um mês, andam pertubando meu sono, que invadem meus pensamentos estando eu de bobeira ou ocupada, e que causam tamanho rebuliço aqui dentro a ponto d'eu sentir vontade de gritar pra ver se todos esses sentimentos saem e eu consigo algum tipo de alívio.
Esse alguém é um alguém que anda cada vez mais distante de mim que os 400 km que sempre existiram entre a gente, com exceção de um final-de-semana perfeito.

Acontece que, eu decidi que não quero mais, que eu não consigo mais viver assim. Assim de passado, assim de saudades, assim de culpa, assim de conjecturas e possibilidades cada vez mais irreais, assim de vontade de conversar com você, assim de tristeza quando a gente finalmente conversa e você vem com assuntos banais, assim de me sentir estúpida quando isso acontece, assim de não conseguir me livrar desse jogo aliciante e cruel que a gente faz um com o outro já faz meses.
Eu fiz tudo o que podia quando me dei conta do erro que estava cometendo. Não há nada mais que eu possa fazer, nada!
O que me resta é seguir em frente, parar de procurar. Afinal, a estrada vai além do que se vê, e se tiver que ser, se for tão forte e especial a nossa ligação quanto eu sinto que ela é, o amanhã dará conta do resto.
E a gente vai achar um jeito de se reencontrar ... tão simples, natural e inesperado como foi o nosso encontro, quando você caiu de pára-quedas pra me ajudar naquela hora difícil, pra espalhar umas flores pelo caminho, pra me ensinar milhões de coisas, pra mudar todo o mundo como eu conhecia ...

Então é isso que este texto é, um adeus. Adeus, menino.
Segue seu caminho, seja feliz, encontre-se. Que eu vou fazer o mesmo. Se nossos caminhos cruzarem-se de novo, um tanto melhor, eu seria imensamente grata. Se não, já sou grata pelo o que a gente dividiu enquanto conseguiu sustentar.
Estou apagando-te do msn, da lista de telefones, do meu dia-a-dia ... na esperança deste ser o primeiro passo pra apagar-te dos meus textos e pensamentos ... porque do coração, deste você não vai sair nunca, já tens um lugar mais do que garantido, cativo, com sala VIP, poltronas reclináveis, e passe livre ... pela eternidade.