terça-feira, dezembro 09, 2008

Boa sorte ...

Por mais que a gente tente ser ou tente aparentar ser um alguém superior, acaba sendo sim uma espécie de competição cruel. Tácita, sutil, não verbal. Sempre acaba sendo uma situação constrangedora e gerando desconforto.

E não poderia ter sido diferente. Não contigo. Não depois de todos os sonhos, de todas as lágrimas; do teu pé na minha bunda; e da nova namorada não-estúpida, não-baranga, não-totalmente-desprovida-de-senso-de-humor.

Lógico que incomodou de uma maneira estranha. Lógico que deu raiva, ciuminho, e doeu daquele jeito que parece físico. Ver vocês dois ali conversando comigo. Tão cúmplices, com tanta sintonia. Me fez sentir deveras perdedora. Ouvir os planos de vocês pra vida despertou em mim sentimentos não muito bonitos.

E não é que eu me orgulhe do que veio em seguida, na verdade, nem sei explicar como é que começou. Mas foi sim de propósito.
: Os comentários aparentemente desprendidos de cada encontro. Cada olhar ou desvio do mesmo. Cada referência mínima a algo da gente. Os esbarrões despretensiosos e as pequenas provocações. Tudo.

Infantil, patético, eu sei. Mas era uma necessidade.
: A escolha do perfume, do decote ou da saia. O capricho maior na postura e na cruzada de pernas. As melhores tiradas, as frases espirituosas, a melhor primeira impressão que eu era capaz de deixar destinada a cada pessoa do teu novo círculo social a qual eu era apresentada.

E quanto mais eu notava os sinais, quanto mais eu percebia que estava funcionando, menos eu conseguia parar. Era quase que automático. Era mais forte do que eu.
Tinha culpa e arrependimento também, é verdade, mas a vontade era maior. Eu simplesmente tinha que ouvir aquilo, exatamente como foi, da sua boca.
: Que você também lembra. Que também ficou mal. E que a minha presença ainda mexe contigo.

Eu necessitava do telefonema parcialmente ébrio que te deu a coragem pra confessar.
: Os elogios. O quanto você se sente atraído e repara sim em cada detalhe. Que ainda sonha e imagina e me faz de inspiração freqüente pras suas estimulações manuais solitárias.

Não sei se consegui disfarçar o sorriso. Não era maldade não. Era apenas porque você não deve ter noção do quanto para mim foi importante saber.
: Que você me admira e gosta de ficar por perto. Que eu ainda te faço rir. E que de tempos em tempos você pensa se poderia ter sido ou se pode ser diferente.

Então que é isso. Agora eu me dirijo à saída de emergência mais próxima à direita, e faço minha retirada elegante estratégica. Chega. Acabou. Fechou o ciclo.
Era tudo o que eu precisava. Certo ou errado, egoísmo ou não, eu só precisava validar a coisa toda. Eu só precisava saber que também é difícil pra você, entende?

Porque era realmente muito dolorido aceitar que o incômodo, as noites em claro, a química e os pensamentos tantos eram unilaterais, somente coisa da minha cabeça. Não conseguia assimilar como algo que foi tão forte e devastador pudesse ter se transformado em nada pra uma parte que aparentemente esteve tão envolvida quanto eu, e pelo menos durante algum tempo, parecia ter sentido tanto quanto eu.

Porque quando marca forte, sempre fica alguma coisa, não? No mínimo algo bonito pra gente olhar e se lembrar com carinho.
E agora que eu sei que você sabe como é, que eu sei que você também passa pelo o que eu passo, eu fico leve. Com uma sensação de calma, desprendimento e plenitude que surgiu eu nem sei direito de onde. E que pode não ser lá muito nobre, mas substituiu todos os sentimentos nada bonitos de outrora.

Agora posso sinceramente dizer o que eu antes só repetia forçosamente pra ver se eu conseguia finalmente passar a acreditar.
: Que eu lhe desejo um caminho bonito. Que você merece ser feliz. Que vocês merecem ser felizes. Juntos. Sem mim. E que pela primeira vez na vida, isso me deixa bem e me faz feliz também.
'Brigada, babe.